Casos e Vozes
- Jenny Flores
SiBBr: a plataforma que transforma o monitoramento da biodiversidade no Brasil
Com mais de 22,5 milhões de registros, o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI) e operado pela Rede Nacional de Educação e Pesquisa (RNP), levou o monitoramento da fauna e flora do país a um novo patamar. Brasil, considerado um dos 17 países megadiversos que abrigam mais de 70% das espécies conhecidas no planeta, conta com uma linha base muito mais detalhada para o acompanhamento de sua biodiversidade.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), parceiro do projeto, esta plataforma responde a uma crescente demanda por informações sobre a biodiversidade nacional, tanto dentro como fora do Brasil. Leonardo Bergamini, analista de biodiversidade do IBGE, explica que o estudo mais recente avaliou os dados disponíveis no SiBBr para identificar brechas e limitações na informação. "A missão do IBGE é representar o Brasil, e a biodiversidade é uma parte fundamental desse retrato", aponta.
Um ecossistema digital ao serviço da ciência
Desde seu lançamento em 2014, com o apoio da RNP, uma rede aliada à RedCLARA, o SiBBr se consolidou como uma ferramenta essencial para pesquisadores, estudantes e agências governamentais. Seu desenvolvimento e manutenção são realizados pelo MCTI, enquanto a RNP garante sua operação e disponibilidade através de um contrato de gestão. Em 2018, foi oficializada a criação de um Comitê de Gestão, formado por institutos de pesquisa e outros órgãos ligados ao ministério, com o apoio de comitês consultores que apoiam a governança da plataforma.
A importância das RNIE em projetos como SiBBr é fundamental. Essas infraestruturas permitem a integração de dados em grande escala, o acesso a ferramentas avançadas de análise e a colaboração entre instituições científicas dentro e fora de cada país. A RNP, como parte deste ecossistema de redes de pesquisa, tem sido fundamental na implementação do SiBBr, garantindo a interoperabilidade e o acesso a uma plataforma digital robusta que facilita o trabalho da comunidade científica. Este modelo demonstra como a infraestrutura digital e a conectividade podem impulsionar a pesquisa e a geração de conhecimento em áreas estratégicas como a biodiversidade.
As aves, o grupo mais bem documentado
Dentro da vasta base de dados do SiBBr, aves e plantas são os grupos mais bem monitorados, provavelmente devido à sua facilidade de detecção e coleta. As aves, em particular, destacam-se não só pelo volume de registos mas também pela sua qualidade: mais de 90% das informações disponíveis incluem dados completos, como data, coordenadas geográficas e identificação da espécie. Em contraste, outros grupos, como artrópodes e peixes, apresentam um nível de completude inferior a 30%.
O acesso a informações detalhadas e de alta qualidade permite melhorar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e fortalece as tomadas de decisão em conservação. Com um banco de dados em constante expansão e uma comunidade científica cada vez mais envolvida, o SiBBr se posiciona como uma ferramenta-chave para a pesquisa e preservação do patrimônio natural do país.
A maioria dos registros em SiBBr tem menos de 10 anos. Isso é devido ao aumento na produção de dados nos últimos anos, juntamente com a melhoria das ferramentas de georreferenciação.
Embora coleções biológicas e projetos de pesquisa sejam grandes provedores de registros, a ciência cidadã, muitas vezes impulsionada por comunidades de usuários, também desempenha um papel importante.
"Precisamos que mais pessoas conheçam o SiBBr para que os dados possam ser usados em políticas públicas de conservação do meio ambiente", diz Clara Fonseca, analista de negócios da SiBBr. "Quanto mais visibilidade o sistema tem, maior será o número de pesquisadores motivados a divulgar suas descobertas", conclui.
O texto original foi retirado do site: New baseline for Brasil’s biodiversity | In The Field e é inspirado no artigo "IBGE evalúa registros de dados sobre a biodiversidade brasileira em SiBBr", publicado no site da RNP.