Casos e Vozes
- Jenny Flores
Nelson Simões: Um legado de inovação na conectividade acadêmica do Brasil
"Quando você tem a oportunidade de fazer o que te apaixona, inovar e criar junto com pessoas que compartilham sua curiosidade, é um privilégio", reflete Nelson Simões, que no próximo ano encerrará sua gestão como diretor geral da Rede Brasileira de Pesquisa e Educação (RNP), cargo que ocupa desde 2002. Por mais de duas décadas, Simões tem sido uma figura chave na evolução das redes avançadas no Brasil e na América Latina, deixando um legado significativo na área da conectividade acadêmica e desenvolvimento digital.
Desde que entrou para a RNP em 1993, como engenheiro de redes, Simões tem ajudado a transformar a organização em um marco na infraestrutura de rede para educação e pesquisa. Sua liderança tem sido fundamental para impulsionar a inovação e fortalecer a colaboração na região, impactando diretamente no avanço da educação, pesquisa e tecnologia.
Sua jornada no mundo das redes avançadas começou com curiosidade. Formado em Engenharia de Computação em 1990, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Simões lembra com entusiasmo os primeiros passos de sua trajetória. Inicialmente atraído pela eletrônica, logo encontrou sua vocação nas redes, impulsionado pelo boom da internet nos anos 80. "Tudo era novo, havia uma energia incrível para fazer testes, configurar redes e carregar aplicativos. Foi uma grande escola de conhecimento e colaboração", ele diz.
Essa paixão o levou ao Centro de Supercomputação da universidade, onde trabalhou por uma década antes de se juntar à nascente RNP. Na época, a organização estava dando os primeiros passos para estabelecer a primeira infraestrutura da internet no Brasil. "Cheguei em 1993, quando a primeira rede nacional estava sendo ativada. Foi uma feliz coincidência; eu estava no lugar certo, com as pessoas certas", lembra.
Um dos marcos mais importantes da carreira de Simões foi a transformação da RNP de um projeto de pesquisa em uma corporação formal no ano de 2002. Essa mudança permitiu estabelecer uma conexão forte com a comunidade acadêmica e definir uma missão clara: ser uma organização que constrói infraestruturas inovadoras para apoiar o ensino superior e a pesquisa no Brasil.
"Definir quem somos, a quem servimos e nosso propósito foi essencial. Conseguimos construir algo de muito valor para o país e a comunidade", destaca Simões. Essa abordagem visionária criou a base para que a RNP ampliasse seu impacto e assumisse projetos de grande porte.
Ao longo de sua gestão, Simões enfrentou desafios significativos, como a expansão da rede para conectar 900 pontos em regiões remotas do Brasil, um esforço que exigiu alianças estratégicas com empresas do setor energético e outras instituições privadas.
"Essas conexões não só trouxeram infraestrutura, mas também desenvolvimento e oportunidades para comunidades que antes estavam desconectadas", explica.
Outro desafio chave foi a pandemia de COVID-19, que acelerou a necessidade de serviços digitais. Em questão de semanas, a RNP teve que escalar suas plataformas para suportar milhares de novos usuários. "Foi um momento decisivo, demonstramos nossa capacidade de adaptação rápida e oferecer soluções eficazes em um contexto crítico", destaca.
Simões também enfatiza o valor dos projetos de pesquisa impulsionados pela RNP, que não apenas incentivaram a experimentação, mas deram origem a empresas e serviços inovadores que hoje contribuem para o desenvolvimento tecnológico do país.
Uma visão para o futuro
Com o olhar voltado para o futuro, a Simões aposta na colaboração regional e na adoção de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain e computação quântica. "O papel das redes acadêmicas é estar na vanguarda, antecipando os impactos dessas tecnologias e explorando como podem beneficiar a educação e a pesquisa", reflete.
Além disso, destaca o potencial da RedCLARA, a rede regional da América Latina, para fortalecer as capacidades digitais dos países que já possuem redes nacionais e para aqueles que ainda não têm infraestruturas consolidadas. "Espero que nos próximos anos surjam novas redes nacionais que consolidem a conectividade como um pilar de desenvolvimento na região", afirma.
Simões considera sua passagem pela RNP como uma experiência privilegiada e enriquecedora. "Trabalhar com pessoas apaixonadas, inovar e superar desafios tem sido uma trajetória única. Sinto-me afortunado por ter contribuído para o desenvolvimento da conectividade no Brasil e além", conclui.
De sua trincheira, Nelson Simões considera continuar a contribuir com conhecimentos, mas agora como especialista. Seu compromisso com a inovação e desenvolvimento digital continuará sendo o seu Norte, embora de uma abordagem diferente.
Para os jovens, ele oferece um conselho simples, mas profundo: "Sejam curiosos. Apontem para as estrelas e trabalhem no que realmente lhes apaixone. A curiosidade é o motor da inovação", finaliza.
Tiro ao alvo
País: Brasil
Conectividade: Pessoas
Futuro: Lindo
Ideia: Nova
Brasil: Campo (região árida)
TICAL: Encontro