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Philippe Navaux: o 'condutor' de SCALAC rumo ao futuro

Eleito presidente do Conselho Diretor da SCALAC para um segundo mandato consecutivo, Philippe Olivier Alexandre Navaux é um líder e apaixonado nato pela ciência e tecnologia a serviço da transformação da sociedade. Graças ao seu talento e disciplina, ele se tornou uma referência em Computação de Alto Desempenho (HPC, na sigla em inglês) na América Latina e no Caribe.

Navaux nasceu em Bruxelas, Bélgica, em 1948. Com apenas dois anos, mudou-se para o Brasil com sua família, graças a uma oportunidade de trabalho de seu pai, que os ajudaria a se afastar das instabilidades da Europa do pós-guerra. A família se estabeleceu em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, onde o pequeno Philippe, sem saber, dava seus primeiros passos para se tornar o líder que é hoje: uma voz fundamental no campo da HPC. "Eu fui uma criança curiosa e fazia de tudo um pouco. Meus pais diziam que uma vez que me deram um trem elétrico, eu fiz uma maquete. Eu tinha seis trens elétricos e eu os gerenciava para que não colidissem, o que implicava certo grau de engenharia também. Acho que essa área já estava no meu sangue", conta, com o bom-humor que o caracteriza.

Anos depois, a escolha de sua carreira universitária parecia bastante óbvia. Navaux escolheu cursar Engenharia Eletrônica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, assim como com os trens de sua infância, tinha muito claro o caminho a seguir. Se naturalizou brasileiro aos 25 anos, obteve um mestrado em Física (1973), também pela UFRGS, e um doutorado em Informática pelo Instituto Nacional Politécnico de Grenoble, na França (1979). Esse foi o momento em que a HPC se tornou uma parte indissociável de sua trajetória profissional. Ele ingressou como docente na UFRGS em 1971 e se tornou Professor Titular do Instituto de Informática em 1996. Depois, foi Diretor do Instituto de Informática de 1998 a 2006 e Pró-Reitor de Pós-Graduação entre 2000 e 2001.

Ao longo de sua carreira, Navaux fez contribuições significativas para o campo da Engenharia e da HPC, não apenas em escala regional, mas a nível mundial. Publicou aproximadamente 400 artigos em revistas e conferências de renome. Sua pesquisa foi reconhecida, e participou de muitos projetos colaborativos com organizações internacionais e empresas como Petrobrás, Microsoft, Intel e HP. Além disso, supervisionou cerca de 100 teses de mestrado e doutorado, o que representa uma contribuição muito importante para o desenvolvimento de novos talentos no campo da informática.

HPC na região

Navaux é hoje um dos principais líderes na área de Arquitetura de Computadores e HPC na região. Com a autoridade que lhe confere seu amplo conhecimento e trajetória, o especialista destaca a grande importância da HPC na atualidade, que vai muito além do que as pessoas podem ver. "A computação de alto desempenho está no núcleo do desenvolvimento de toda a área da computação. Por quê? Porque o que se 'vê', como as múltiplas aplicações da Inteligência Artificial, por exemplo, são apenas modelos e algoritmos em funcionamento. No entanto, para executar tudo isso, você precisa de poder de processamento, que recai sobre a área de HPC. O mesmo acontece com big data e os serviços de computação em nuvem, entre outros. HPC é o trilho que faz o trem seguir em frente", compara.

A velocidade com que a área cresceu nos últimos anos (já se fala no desenvolvimento de chips com 1 trilhão de transistores) gera uma dupla reação no especialista: surpresa, pelos inimagináveis avanços na área que ele viu nascer nos anos 1970; e o desejo de continuar trabalhando para que a América Latina e o Caribe continuem evoluindo e não fiquem para trás. "Uma grande dificuldade que temos é a falta de recursos. Há muita instabilidade, inclusive política, e o que a pesquisa mais precisa é de estabilidade e planejamento, além de investimento. Apesar das dificuldades, estamos buscando avançar. O número de supercomputadores está crescendo, como aponta o último relatório da SCALAC, e o trabalho da nossa organização está ajudando a interconectar os principais centros de HPC na América Latina, além de organizar conferências, cursos e camps para a formação de recursos humanos", destaca.

Precisamente na qualidade dos recursos humanos reside a maior contribuição da região para o mundo da HPC, considera Navaux. "A formação de nossos estudantes é muito boa e a prova disso é que muitos são contratados pelos principais centros de supercomputação ao redor do mundo. A pesquisa que fazemos também é de bom nível, mas ainda tropeça, como dissemos, na falta de recursos", diz.

A visão para a SCALAC

Eleito para o triênio 2024-2026, Navaux tem muito claro o rumo que SCALAC deve seguir para fechar as lacunas de recursos e aproveitar o impressionante material humano da região: ser uma criadora de pontes. "Nossa última reunião nos obrigou a pensar além das necessidades imediatas e a planejar estrategicamente o futuro, e considero que criar pontes é uma palavra muito adequada para definir o que desejamos fazer com SCALAC nos próximos anos", explica.

SCALAC (sigla em espanhol para Sistema de Computação Avançada para América Latina e Caribe), organização aliada da RedCLARA, é um consórcio de centros de computação científica e de alto desempenho de vários países latino-americanos. Recentemente, reuniu-se na Costa Rica para explorar os avanços e desafios da organização e planejar futuras colaborações.

"Se é verdade que já conectamos os centros de supercomputação na região, agora queremos que essa interconexão atenda a grupos de pesquisa de outros países que não têm tantas máquinas ou acesso a recursos de HPC. Ou seja, levar a tecnologia a quem precisa dela." Para o presidente da SCALAC, o sucesso de iniciativas e projetos regionais em áreas como mudanças climáticas, biologia, física de altas energias, machine learning e, claro, Inteligência Artificial, está relacionado ao sucesso da organização e sua capacidade de articulação.

Nesse sentido, ele considera muito valioso o aporte que se pode fazer aos governos e à facilitação de esforços conjuntos com outros setores. Navaux aponta que o recém-lançado relatório sobre o estado das infraestruturas robustas de HPC na região é um insumo valioso para que os governos identifiquem onde devem melhorar e implementar os avanços necessários. "O relatório é uma fotografia do momento, que deve ser atualizada constantemente. No entanto, nos ajuda a ter uma visão panorâmica do estado da HPC na região", avalia.

A SCALAC também buscará continuar se fortalecendo como uma referência em HPC da América Latina a nível mundial. Sua visão é articular acordos com entidades internacionais, como a EuroHPC, e candidatar-se a oportunidades de financiamento de projetos para beneficiar a região, em um modelo muito semelhante ao que a RedCLARA fez em iniciativas como o Programa BELLA. A Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas, inclusive, é apontada por Navaux como, mais do que uma aliada, um modelo a seguir: "Nós nos vemos refletidos e nos inspiramos na institucionalização, na inovação e na ampla visão da RedCLARA para a América Latina e o Caribe", enfatizou. Seja para conduzir o "trem" da organização ou construir pontes para o desenvolvimento da HPC na região, parece que SCALAC está em boas mãos para os próximos anos.

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