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Confirmando ‘clichês’, LaCoNGA completa seu primeiro ciclo olhando para o futuro

"Jamais despreze os pequenos começos" parece uma máxima bastante adequada para descrever o nascimento e o impacto da Aliança Latino-Americana para o Fortalecimento de Capacidades Avançadas em Física, ou simplesmente LA-CoNGA Physics, projeto que desde 2020 trabalha na geração de capacidades para o uso de supercomputação no estudo de astropartículas na região. 

Surgida da iniciativa de alunos colombianos e venezuelanos de doutorado que estudavam na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) e em outros institutos da Europa e que queriam "devolver" aos seus colegas a possibilidade de acessar os modernos recursos que tinham à disposição, LA-CoNGA se transformou, com o aporte do Programa Erasmus da União Europeia, em um grandioso projeto. Envolve nove universidades da América Latina e Europa, com parceiros científicos, acadêmicos - como o próprio CERN, o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), o Deutsches Elektronen-synchrotron (DESY), na Alemanha, o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP), na Itália, o Instituto de Pesquisa sobre as Leis Fundamentais do Universo (IRFU) e RedCLARA - e industriais, como a empresa italiana de instrumentação CAEN e start-ups de ciência de dados, para contribuir para a modernização, acessibilidade e internacionalização da educação superior em países como Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. 

"O que esses doutorandos fizeram foi buscar contribuir com o desenvolvimento de nossos estudantes, em um programa que inicialmente foi nomeado Centro Virtual de Altos Estudos em Altas Energias (CEVALE2). A iniciativa consistia em uma série de cursos de física de altas energias de pós-graduação que eram ministrados da Europa", explica o professor e um dos coordenadores da LA-CoNGA, Luis Núñez. 

Com o passar do tempo, o desejo de contribuir com sua região cresceu ainda mais do que o esperado. Da semente do CEVALE2, surgiu LA-CoNGA, que atualmente oferece um programa de mestrado em áreas como instrumentação, física e ciência de dados, do qual já participaram cerca de 50 estudantes das universidades Industrial de Santander e Antonio Nariño (Colômbia), San Francisco de Quito e a de Pesquisa de Tecnologia Experimental Yachay (Equador), Nacional de Engenharia e Mayor de San Marcos (Peru), e Central e Simón Bolívar (Venezuela). 

Através da LA-CoNGA, esses estudantes podem receber aulas de especialistas das universidades de Paris e Paul Sabatier, ambas na França, e da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, fortalecendo as relações interinstitucionais entre Europa e América Latina dentro da comunidade virtual de pesquisa e aprendizagem e promovendo a convergência na oferta curricular em Física Avançada nas instituições de educação superior. 

Foram realizadas três coortes até o momento, entre 2021 e 2023, que contaram com a colaboração de 30 instrutores da América Latina e Europa e que já possuem mais de 200 aulas disponíveis em acesso aberto, entre vídeos, documentos, cadernos e conjuntos de dados. 

Desafios passados e futuros 

Após a oficialização do projeto e sua postulação e aprovação para receber o aporte do Programa Erasmus em 2019, a equipe de LA-CoNGA Physics se deparou com um grande desafio em seus primeiros dias: a pandemia do Covid-19. "Isso gerou muitas dificuldades, como a impossibilidade de reuniões presenciais e acesso às universidades, a pouca largura de banda da conexão à internet em nossas cidades e as condições de dedicação horária dos pós-graduandos na região." A solução, segundo Núñez, foi colaborar. "Começamos a buscar, entre os grupos de pesquisa na América Latina, quais eram os recursos que estavam usando, quais equipamentos de educação remota se podiam compartilhar, e assim conseguimos seguir em frente", lembra o acadêmico. 

Foi somente no final de 2021 que LA-CoNGA pôde efetivamente dar os primeiros passos relacionados à compra de equipamentos e à criação de laboratórios para que se tivesse uma infraestrutura como haviam planejado seus proponentes. As primeiras práticas de laboratório in loco ocorreram em 2022 e a consolidação da formação do pessoal técnico para os novos laboratórios remotos de instrumentação, em 2023. Toda essa experiência, no entanto, não foi em vão. 

"Entre outras coisas, nos orgulhamos de ter podido não somente resistir à pandemia, mas de utilizar uma quantidade de lições aprendidas ali para poder agora propor novos projetos. Além disso, a pandemia nos obrigou a olhar para frente, a pensar em como tornar LA-CoNGA sustentável quando já não tivéssemos o financiamento do Erasmus, que é o caso agora. A conclusão de todos os envolvidos foi apenas uma: é necessário compartilhar recursos humanos e tecnológicos. Seguimos funcionando porque há uma comunidade de colegas no Peru e no Equador que estão trabalhando. Esta é a chave para continuar crescendo", compartilha Núñez. 

E como "a união faz a força", LA-CoNGA agora conta com laboratórios de instrumentação instalados em todas as universidades participantes na América Latina. Nesse mesmo espírito, ao trabalho colaborativo dos laboratórios somam-se as capacidades e serviços de outros dois importantes aliados na região: RedCLARA e o Sistema de Computação Avançada da América Latina e Caribe (SCALAC). A rede avançada latino-americana coopera com a plataforma MiLAB, serviço criado para apoiar a gestão de dados, códigos de pesquisa e comunicações de grupos de pesquisa, facilitando o trabalho colaborativo e assegurando a preservação, disponibilidade e confidencialidade de sua informação. SCALAC, por sua vez, oferece as capacidades de supercomputação para a captura da informação que os pesquisadores necessitam. "Nossa relação com LA-CoNGA vem desde o início das atividades do projeto e muitos dos membros do SCALAC estão formalmente dentro dele. Estamos muito felizes por colaborar com um projeto tão relevante dentro do ecossistema digital que está se formando em nossa região", celebra o presidente do SCALAC, Carlos Jaime Barrios Hernández. 

Para Luis Núñez, RedCLARA e SCALAC têm sido aliados fundamentais para o sucesso da LA-CoNGA. "Sem essas capacidades, a verdade é que poderíamos fazer muito pouco; nosso trabalho seria muito mais complicado. Mas RedCLARA e SCALAC vão além; essas duas redes são 'encontro de gente', criação de comunidades, e isso é o que estamos buscando", completa. 

Por conta disso, as atividades de LA-CoNGA já se expandiram além das aulas e laboratórios, e englobam outras como ciclos de seminários, tutorias, workshops sobre comunicação científica e iniciativas transversais a outras comunidades, como é o caso dos Hackathons Co-Afina, projetos de ciência cidadã com institutos da região. 

Os próximos passos 

Se os obstáculos foram superados, a ordem agora é continuar avançando. Nesse sentido, a equipe da LA-CoNGA já definiu qual será o próximo passo nessa história; é EL-BONGO - E-Latin America Digital huB for OpeN Growing cOmmunities in Physics (Hub Digital e-Latinoamericano para Comunidades Abertas Crescentes em Física). 

Com base nos aprendizados obtidos em LA-CoNGA, a iniciativa busca impulsionar a transformação digital da Educação Superior promovendo comunidades virtuais de pesquisa na América Latina, com a adição de pesquisadores e especialistas de outras universidades e países como El Salvador, Honduras e Guatemala. "Imagine 'congas' adaptadas em diferentes comunidades, buscando uma formação orientada e focada na pesquisa em áreas como astropartículas, física de altas energias, computação de alto desempenho e sismologia. Nosso sonho é poder desenvolver tecnologias adaptadas em cada uma dessas comunidades latino-americanas. Além disso, criar capacidades para construir instrumentos. A ideia é impulsionar o que chamamos de 'FabLabs', laboratórios de fabricação com ciência, para que os estudantes construam instrumentos científicos de baixo custo", vislumbra o coordenador. 

EL-BONGO também busca desenvolver um Programa de Mestrado híbrido e flexível baseado em mini-módulos formativos com validação institucional através de uma infraestrutura blockchain, a criação de um Centro de Colaboração de Ciência Aberta, desenvolver plataformas digitais para o aprendizado eletrônico, bases de dados de pesquisa e laboratórios virtuais, plataformas de colaboração e trabalho em rede para estudantes, educadores, pesquisadores e profissionais da indústria em toda a América Latina e além. Entre os aliados internacionais, EL-BONGO já possui parcerias com a Universidade Paris Cité, a Universidade Paul Sabatier, de Toulouse, e o Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Lyon (INSA Lyon), da França, além da Universidade de Salamanca, na Espanha. Uma verdadeira comunidade global comprometida com o desenvolvimento da pesquisa latino-americana comprovando que se as máximas existem é por alguma razão. 

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