Casos e Vozes
- Ixchel Pérez
Brasil: Avatares auxiliam alunos com deficiência auditiva
Em uma sociedade cada vez mais interconectada, garantir acesso inclusivo à informação e à comunicação é um desafio. Um projeto brasileiro tornou o português escrito e falado acessível a estudantes com deficiência auditiva por meio de avatares capazes de se comunicar em língua de sinais.
A solução foi desenvolvida pelo Laboratório de Aplicações em Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Os parceiros são a RNP, a Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNIE) do Brasil e dois ministérios.
Tudo começou quando o laboratório admitiu um aluno com deficiência auditiva, lembra Danilo Assis, responsável pelo projeto:
Isso estimulou a ideia de tentar contribuir para a educação dela. Começamos a desenvolver projetos sobre acessibilidade e, posteriormente, solicitamos financiamento governamental para a construção de um kit de ferramentas. A ideia era facilitar e ampliar a inclusão de deficientes auditivos na sociedade por meio de diversas soluções digitais.
Começando com 20.000 palavras
O conceito central logo se tornou o uso de avatares para tradução de texto e fala para Libras, que é a versão brasileira da língua de sinais.
Criar as traduções provou ser uma tarefa enorme.
“Naquela época, Libras tinha cerca de 20.000 palavras. Transformá-las em animações 3D deu muito trabalho, principalmente porque os responsáveis pela criação das animações não dominavam a língua de sinais. Então, para cada palavra, um intérprete humano de língua de sinais demonstrava o sinal, e a equipe então transformava isso em uma animação. Além disso, precisávamos de um processo extra para ajustar as animações, garantindo que fossem precisas”, explica Danilo Assis. Ele era aluno do laboratório quando o projeto foi iniciado em 2010 e hoje é diretor da Assista Tecnologia (Enabling Technologies), empresa dedicada ao desenvolvimento de soluções digitais inclusivas.
A RNP plantou a primeira semente
O novo kit de ferramentas foi denominado VLibras – uma versão em vídeo da Libras. A RNP desempenhou um papel fundamental na consolidação do VLibras como uma tecnologia disponível ao público. A RNP incentivou o desenvolvimento de um tradutor automático português-Libras, ajudando a transformar o protótipo acadêmico em um kit de ferramentas de nível nacional. A partir dessa base, surgiram mais serviços, como o VLibras Vídeo, que permite converter gravações de vídeo para Libras.
“A RNP plantou a primeira semente, possibilitando a construção e o desenvolvimento do tradutor de português para Libras, e assim criar uma plataforma e um serviço que utilizasse avatares 3D para representar essa tradução”, diz Danilo.
O kit de ferramentas também pode ser aplicado como um navegador plug-in, tornando páginas da web acessíveis em tempo real. Além disso, o VLibras está disponível em versão desktop, garantindo autonomia para usuários com deficiência auditiva no acesso ao conteúdo.